Outro dia, outros problemas. Chegamos até o topo, conseguimos fazer o programado. Depois jantamos, dormimos e acordamos. Porém uma parte da viagem estaria prejudicada. Ir até a Serra do Corvo Branco, uma vez que precisaríamos sair atrás das peças para a Eva, Kombi do Estiga.
Foram uns 10 nomes de mecânicos que nos foram indicados, mas o melhor talvez fosse ir até a cidade e garimpar. Não seria difícil de achar, afinal de contas é uma cidade de 4 mil habitantes.
Começamos trocando o pneu da frente do Joel que amanheceu no chão, provavelmente furado. Depois disso ele, Zero Dois e Estiga foram até Bom Jardim da Serra com a missão de voltar com as peças e tapar o buraco do Joel (arrumar o pneu). A primeira dica veio do posto de gasolina, um borracheiro.
Um morador nos levou até lá e lá recebemos uma dica, desse mesmo morador, de uma pessoa que teria peças de Fusca. Zero Dois e Estiga foram caminhando até lá enquanto Joel ficaria na borracharia.
Acharam um tiozinho que a princípio teria, mas que não queria muito mostrar, porém acabou abrindo as portas do seu acervo de peças. Muita coisa e tudo muito organizado. Levou os dois até o fundo da garagem e disse “eu tenho aqueles ali, reguláveis”. Estiga imediatamente se grudou nas peças. Melhor que aquilo só aquilo mesmo, era justamente o que precisavam, porque não seria necessário baixar o motor pra realizar as trocas das capas de tucho.
Faltavam apenas as varetas que entortaram, mas ele não tinha. “Alumínio eu vendi tudo, não tenho mais condições de fazer isso, só 20% do meu coração funciona” contou ele para o Doutor Zero Dois. Inclusive eles ficaram tão amigos que chegaram ao ponto de fazer um tour pela pousada que está em fase final de construção. Com o nome de, vejam bem, Pousada da Kombi.
Faltava receber a facada. Se o tiozinho não precisa disso, não queria nem mostrar, ia vir um valor bem alto. Zero Dois cogitou dar um susto nele. Com 20% do coração funcionando era barbada. Só que foi apenas 10 reais o valor. Naquele momento, era dado.
Pneu arrumado, capas pagas, pousada reconhecida. Faltavam as varetas e nossas chances de sair do buraco seriam maiores. Nisso voltamos para o posto para comprar óleo. Tentamos mais uma mecânica que tinha três fuscas e um buggy na frente, no entanto o sujeito não estava nem um pouco afim de ajudar. Aparentemente ele é o pior da cidade, reconhecido por todos.
No posto, um frentista ligou para um mecânico. O cara foi até lá nos buscar e levou até a oficina. Disse que tinha e rapidamente encontrou duas varetas, e depois mais uma. Sensacional!!! Agora seria apenas montar. Estica perguntou quanto era e ele disse “deixa uma gorja aí” , sem entender direito perguntou “quanto?“. Zero Dois com toda a sua sabedoria das ruas da Rússia falou “deixa vintão pra Coca Estica”.
Resolvido.
Era hora de voltar para a base e tentar montar tudo. Depois de umas duas horas fuçando Estica terminou de montar e era hora de ligar a bagaça. Márcio deu umas dicas do que fazer pelo Whats, embora a conexão lá do Wi-Fi não fosse muito boa. 4G nem tem. E na hora H de regular as válvulas, algo que Estripa nunca tinha feito, recebeu conselhos de PT e Zero Dois. Difícil acreditar, mas não é que ligou? “Eu lembrei do barulho que faziam as válvulas quando o Márcio regulava, e tentei fazer igual” disse Estiga forçando um pouco a barra. Estava delirando na mistura de Car80, óleo, cola 3M e um pouco de cachaça.
Nada mais justo do que agradecer aos que tão bem nos receberam em Santa Catarina. Nem todos são bons, nem todos são ruins. Acho que apenas tivemos sorte de encontrar as pessoas certas nos momentos certos. Como Joel disse “ontem foi dia de azar, e hoje é outro dia”. Era de sorte!
